Ontem assisti ao filme, ”BRUNA SURFISTINHA” o que me fez lembrar, quando me formei Psicanalista, o tema escolhido para o meu TCCT foi “PROSTITUIÇÃO E A FEMINILIDADE”, pois na época tinha cinco pacientes profissionais do sexo.
Ao analisar esses casos, verifiquei que todos tinham uma relação afetiva frustrada com o pai, cada uma com experiências diferentes, mas com um fundo psicológico igual.
Ou seja, todas eram meninas que vendiam o corpo não só por dinheiro, mas principalmente por um pai que não lhes deu amor, ou se calou mesmo sem saber, aos abusos sexuais ou iniciações sexuais traumáticas, isso fica claro no início do filme, e confirma minha tese, que conjugada a outros fatores resultam em uma viagem de dor e sofrimento, até que algum dia a conscientização as faça mudar de caminho, ao perceber que a prostituição é uma forma que ela encontrou para tomar o poder sobre o próprio corpo.
Existem três alternativas para a formação de um condicionamento involuntário e para as ações que representam a válvula de escape, que determinam a formação de uma garota que se volta para a prostituição, da seguinte forma:
Se ela estabelecer, para outro homem, o mesmo valor de desejo que atribuiu ao pai, terá de ser só uma dama - e não se entregar sexualmente a ele, pois a última coisa que quer perder é o amor. Mas a mulher pode também entender o contrário.
Quando deve superar o desejo pelo pai, sente-se traída e pensa o seguinte: quero todos os homens no lugar de um.
Então, ela escolhe a outra opção, a da prostituta. Não a prostituição real, mas a entrega para homens desconhecidos.
Então, ela escolhe a outra opção, a da prostituta. Não a prostituição real, mas a entrega para homens desconhecidos.
Na terceira alternativa, quando a mulher lida bem com essa questão edípica, ela não precisa escolher entre os dois papéis.
Pode amar e, ao mesmo tempo, entregar-se totalmente na relação sexual.
Pode amar e, ao mesmo tempo, entregar-se totalmente na relação sexual.
Além dessa ausência paterna, o papel materno na vida de uma menina é de suma relevância, pois já dizia Zimerman:
“a função materna, tomada em sentido genérico que tanto pode referir-se unicamente à mãe concreta, como a qualquer outra pessoa que, de forma sistemática e profunda venha exercer a função mental materna (Mental - ano III - n. 5 - Barbacena - nov. 2115 - p. 149-151)
“a função materna, tomada em sentido genérico que tanto pode referir-se unicamente à mãe concreta, como a qualquer outra pessoa que, de forma sistemática e profunda venha exercer a função mental materna (Mental - ano III - n. 5 - Barbacena - nov. 2115 - p. 149-151)
Essas mães verdadeiras ou substitutas, no entanto, negligencia sua função materna, o que culmina na retirada dessas meninas do núcleo familiar, como parte da construção simbólica que cada indivíduo possui da inserção familiar.
A análise é justamente a de pensar a possibilidade da prostituição como o caminho escolhido por elas, pois não é forçoso pensar tal escolha “quando a vida é relembrada” e “nenhum olhar mais pousa sob si mesmo”.
Na busca de estar em uma nova família que simbolize um espaço reconhecido, pode restar-lhe apenas a oferta das ruas e do corpo prostituído.
Portanto, faz-se urgente, a conscientização dos indivíduos que assumem papéis de pai e mãe, pois é a forma como a criança sente-se aceita, e como lida com os afetos maternos e paternos, que determinarão o que elas serão no futuro.
Educar é uma responsabilidade enorme, é andar sobre um fio de cabelo, de forma que não se pode andar nem pra lá, nem pra cá, a repressão deve ser equilibrada, para que, tenhamos adultos saudáveis e uma sociedade menos doente.
Três de minha pacientes reconstruíram suas vidas, constituíram famílias, desenvolveram-se profissionalmente, quanto às outras duas, não tive muitas notícias, mas 75% de resultado positivo é o suficiente para confirmar que a cura pela palavra possui efetividade, e pode ser o caminho para concertar o que muitos pais estragaram, até por ignorância, pois sempre há uma saída.
Quem quiser conhecer um pouco deste mundo de ilusão, assistir o filme é uma boa pedida.
Por Leila S Ribeiro Uzum